6.10.10

Novas Ocorrências em Myrtaceae na Serra Quiriri

Depois de uma boa espera, saiu o artigo sobre novas ocorrências de Myrtaceae na Serra Quiriri. Tratam-se de duas espécies que possuíam registros de distribuição no estado do Paraná, muito próximo a divisa com Santa Catarina, e nunca haviam sido encontradas neste estado. Foram coletadas amostras entre os anos de 2004 e 2005, e o material coletado pode ser encontrado no Herbário Joinvillea da Universidade da região de Joinville.

A revista check-list, é disponibilizada em meio eletrônico através do seguinte link: check-list, e tem por objetivo divulgar listagens de espécies e novidades sobre ocorrências na sua distribuicão. O artigo pode ser acessado diretamente através do link: http://www.checklist.org.br/getpdf?NGD034-09.

19.8.10

Araucária o Pinheiro Brasileiro

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
Majestosa por excelência, árvore símbolo do estado do Paraná, fonte de alimento para mamíferos e pássaros, bem como para a população humana, e de longa data, pois além dos Guaranis, Kaingangs e Xoklengs, que foram os Ameríndios encontrados no que chamamos atualmente de estado de Santa Catarina, também foram descobertos vestígios de Amido nos dentes de Sambaquianos, e o mesmo, foi identificado como típico e oriundo das sementes de Araucária. Sua distribuição geográfica está localizada principalmente nas regiões de planalto dos estados do Sul e Sudeste do Brasil, alcançando ocasionalmente a vertente Oeste da Serra do mar.

Sua ocorrência na região denominada Alto Quiriri (acima de 1200 m snm) é controversa, e provavelmente acindental, ou proposital, pois na região dos Campos de Altitude a espécie não é encontrada de forma natural, ou nativa. Indivíduos isolados tem sido encontrados nos Campos, especialmente em locais de acampamento, como pode ser observado nas fotos em preto branco realizadas pelo senhor Dagoberto, montanhista que conheceu a Serra Quiriri na dácada de 1950, e registrou de forma pioneira e audaciosa, imagens que hoje são uma verdadeira pérola para a história local. Em especial, estas duas fotos em preto e branco, mostram um indivíduo, na região conhecida como chato do Quiriri, onde existiu um rancho de pedra, e era ponto de parada para os tropeiros que realizavam a travessia da Serra Quiriri, conduzindo gado, e que encontravam nesta região uma localidade apropriada para descanso e pastagem num relevo suave para os animais. Nas viagens do planalto para o litoral, seria comum levar Pinhão de Araucária para se alimentar ao longo do caminho.

Nas fotos realizadas pelo Sr Dagoberto em 1957, é possível observar um indivíduo, crescendo na região do rancho de pedra, com uma altura provável entre 6-10 m. Atualmente, na mesma localidade, existem 2 indivíduos (primeira foto, 2005), sendo possível que o de maior altura seja o mesmo registrado em 1957, o que também evidenciaria que a espécie não apresenta o desenvolvimento esperado neste tipo de ambiente, pois estudos (Scheeren et al. 1999) relatam valores médios de crescimento anual, de 40-50 cm de altura, portanto se estivesse numa região ecológica favorável ao seu crescimento, deveria ter atingido uma altura superior aquela observada atualmente.


Ao lado, um esboço da distribuição geográfica esperada para Araucária (em marrom) na região Oeste da Serra Quiriri. Mapa elaborado com o programa DIVA-GIS, disponível para download no seguinte link: (http://www.diva-gis.org/download)




Referências


Scheeren, Luciano Weber; Finger, César Augusto Guimarães; Schumacher, Mauro Valdir & Longhi, Solon Jonas. 1999. CRESCIMENTO EM ALTURA DE Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. em TRÊS
SÍTIOS NATURAIS, NA REGIÃO DE CANELA - RS, Ciência Florestal, Santa Maria, 9(2) 23-40.

13.8.10

Aves II

Esse é o Gaturamo verdadeiro (Euphonia violacea (Linnaeus, 1758), um apreciador de Bananas, que pode ser observado na região de Floresta Ombrofila Densa Submontana e de Terras Baixas, como na localidade onde foi realizada a fotografia (Três Barras, junto a ponte de arame, na travessia para a trilha do Monte Crista). Confira uma amostra dos diversos tipos de sons produzidos por esta ave AQUI. Mais informações sobre a a espécie podem ser encontradas em


4.8.10

Que pássaro é esse??

Um canto triste e melodioso ecoa pelos Campos de Altitude da Serra Quiriri, quem seria essa criatura? que interpreta com sua capacidade de expressão sonora, de forma tão apropriada, sentimentos tipicamente humanos experimentados nestes ambientes, como solidão e melancolia... Ali, e mais adiante, aquele pássaro azul, cuja identidade obscura, desafia biólogos que transitam pela localidade, visita os afloramentos de granito, e a periferia da Floresta, espreitando pequenos seres, e aproveitando o frutos da mãe terra.

Inúmeras são as aves que habitam a serra Quiriri, e nas linhas seguintes serão descritas, algumas das principais penosas avistadas, bem como identificadas pelo som, que puderam ser registradas na localidade nos últimos 15 anos.

Nos Campos de Altitude, andando-se com cuidado e silêncio, é possível deparar-se com a Perdiz (Rhynchotus rufescens) que ao avistar a criatura denominada Homo sapiens, dispara em voo alucinante e rasante, rumo ao primeiro vale que lhe possa abrigar e proteger. Segundo o conhecimento popular, esta ave realiza três vezes o comportamento descrito, e em seguida ocorre uma espécie de "cansaço", estratégia pela qual este animal, seria muitas vezes abatido de forma ilegal.
Confira AQUI uma amostra de som típica da espécie, gravada em Bom Jardim da Serra, Santa catarina (Fonte: xeno-canto.org).



Nas Florestas, desde uns 100 m anm (metros acima do nível do mar) até aproximadamente 800-900 m anm é possível escutar um Juiz ressoando seu apito, talvez Juiz de paz, pois sua
presença indica uma relativa preservação, conhecido popularmente como Inhambú Guaçú (Crypturellus obsoletus), essa ave ratita (que não voa) pode ser escutada junto ao rio três Barras em região próxima aos campos. Informações sobre as espécies de Inhambú do Brasil podem ser apreciadas no seguinte link: espécies brasileiras de Inambú no programa Cantores bons de bico. O Inambú que tipicamente habita a região da serra Quiriri pode ser apreciado AQUI, amostra de som oriunda de São Paulo, serra de Paranapiacaba (Fonte:xeno-canto.org).

Nos arbustos de Psychotria nuda Wawra, entre altitudes de 100 e 400m anm, saltita uma criatura azulada entre os ramos, e ela não está sozinha, existem outro indivíduos, geralmente 3-5, em ritual de acasalamento, cortejando, dançando e disputando uma fêmea, trata-se do Tangará-brasa ou Tangará-dançador
(Chiroxiphia caudata) Confira algumas curiosidades e os sons típicos desta ave AQUI.


Ameaçado de extinção o Macuco (Tinamus solitarius) é uma das aves mais características das encostas íngremes da serra do Mar. Contam os mateiros, que repete três vezes seu pio e em seguida se empoleira para dormir, comportamento observado pelos caçadores para abater a ave. A espécie arbórea, denominada Pau-macuco (Bathysa meridionalis) é considerada como lugar típico de pouso, e o contorno das enormes folhas desta espécie lembram sua silhueta, sendo possível uma ave abrigar-se da chuva, sob uma única folha. O som de Macuco característico da região da serra Quiriri, é semelhante ao do seguinte ÁUDIO registrado em Linhares, no Espírito Santo (Fonte:xeno-canto.org).

Tucano de bico verde Ramphastos dicolorus
Aquele que escuta este ser vivo vocalizando na Floresta, pode acreditar, em um determinado tempo irá chover, podem ser em duas ou doze horas, estes animais costumam ser observados com mais freqüência quando a temperatura começa a esquentar. Na serra Quiriri, é encontrado na trilha que conduz ao Monte Crista, na encosta Atlântica priamente dita, em altitudes que variam dos 50 aos 500 m anm. Saiba mais sobre os as espécies brasileiras de Tucanos no programa Cantores bons de bico. O som característico do Tucano de bico verde pode ser reproduzido AQUI, amostra de som oriunda de São Paulo, serra de Paranapiacaba (Fonte:



Citar a serra Quiriri, bem como seus ambientes de altitude, e não comentar sobre o Corócoxó (Carpornis cucculata), seria uma erro, pois esta ave, é pouco avistada, porém muito escutada, servindo como um indicador de altitude para os montanhistas que exploram a região, pois ocorre, tipicamente acima de 500 m até aproximadamente 1000 m anm. Seu canto onomatopéico (cujo som se assemelha ao nome da ave) é muito característico, pelo qual é facilmente reconhecida na mata. Para conferir o som produzido por esta ave clique AQUI. Som gravado em na RPPN Prima Luna, Nova Trento, Santa Catarina (Fonte: xeno-canto.org).

Caminhando serra acima, é possível encontrar o Urú (Odontophorus capueira), ave também ratita, semelhante a uma codorna, e característica pela cor avermelhada que circunda os olhos, bem como pela cor parda que cobre a cabeça. Emitem som muito pitoresco, geralmente em grupo, lembrando, a grosso modo uma sirene. AQUI voce pode conhecer o canto típico desta espécie, amostra de som oriunda do Ceará, serra do Baturité (Fonte:xeno-canto.org).



12.2.10

O Aspecto do Fogo nos Campos de Altitude.

Recentemente a Serra Quiriri foi acometida por um incêndio, noticiado nos principais meios de comunicação da região, o que causa espanto na sociedade como um todo. Apesar dos prejuízos que o fogo acarreta quando da sua ocorrência, como um aumento na fragilidade do solo, pela perda de sua cobertura, pois as plantas atuam como uma espécie de "grampeador", estabilizando encostas íngremes, e, atuam com mais eficiência ainda, quando diferentes tipos de raízes trabalham em conjunto, como pode ser observado, em uma figura bem didática, extraída do livro de Körner & Spehn, que trata de biodiversidade em montanhas. Outra característica negativa, é a possibilidade de abertura de uma "porta de entrada" para espécies exóticas, ou mesmo nativas invasoras, como relatado em palestra, pelo pesquisador Gustavo Martinelli, no Congresso nacional de Botânica de 2009, realizado em Feira de Santana - BA. O estudioso citado, trabalha há décadas em Campos de Altitude e vegetações associadas, e, destacou também em palestra, a Serra Quiriri, como um dos importantes fragmentos de Campos de Altitude do Sul e Sudeste do Brasil.


Quanto ao aspecto do fogo ser uma característica de ocorrência Natural ou não, é um tema extremamente polêmico,e, a maioria dos estudiosos possuem opiniões diferentes quanto ao assunto. É interessante ressaltar, que através de observações durante uma década e meia na Serra Quiriri, não é raro encontrar diferentes camadas de solo em determinados trechos da estrada de Três Barras, como Stone lines, incrustações ferruginosas, e vestígios de material negro de várias possíveis origens. Outras características observadas, são o aumento de espécies com raízes de estruturas subterrâneas associadas, ou ainda espécies como Altroemeria amabilis, que é endêmica do Alto da Serra do Mar no Paraná, e, em Santa Catarina, só ocorre na Serra Quiriri, mas esconde suas gemas vegetativas sob o solo; ora, isso não é uma prova de que o fogo é natural em campos de Altitude, mas, talvez seja um dos indícios.

Acima uma representante da Família Eriocaulaceae, conhecida pelos montanhistas popularmente como Sempre vivas, pois rebrotam após queimadas, como observado nesta foto de 2005 na Serra Quiriri.